junho 30, 2015

Reclamações

O texto a seguir não é meu, mas achei um muito bom e resolvi repostar. O link original é ESSE.
Se quiser, eu reproduzi fielmente abaixo:


"Quando eu era moleque, passava a maior parte do tempo jogando bola na rua.

Alguns jogos eram menores, apenas eu e meus amigos. Mas, às vezes o bairro era palco de alguns clássicos. Eram jogos que reuniam meu time contra a turma de outra rua e que pediam cenários mais grandiosos. Assim, aconteciam no mais próximo que tínhamos do padrão FIFA: o estacionamento de um supermercado, muito maior e com direito, até mesmo, a uma mureta, usada como arquibancada por quem passava ali.

Ganhamos muito, perdemos muito também. Até hoje, me lembro de muita coisa desta época. Dribles, gols, brigas… E do garoto que mancava.

O garoto que mancava jogava com a gente. Na verdade, ele não mancava. Andava e corria normalmente, sem mancar… Até perceber que algumas pessoas estavam na mureta assistindo ao jogo. Aí, na primeira dividida, dava um grito de dor e passava o resto do jogo mancando. Ou, melhor, fingindo que estava mancando.

Um dia eu o questionei sobre isso. Ele mentia no grito de dor, mas foi sincero na resposta.

— Eu manco para o jogo parecer que está mais difícil para mim.

— Oi?

— Todo mundo vai reparar que eu meu esforcei, porque estava jogando machucado. Tanto faz se vamos ganhar ou perder. As pessoas vão ver que eu joguei machucado, e serei um herói de qualquer maneira.

Concluí que ele era um idiota e nunca mais toquei no assunto.

Mas, com o passar dos anos, comecei a perceber que existe mais gente fingindo que manca do que eu teria imaginado quando jogava bola no estacionamento do supermercado. Vi isso no colégio, depois na faculdade.

Na vida profissional, mesma coisa. Se você trabalha numa empresa grande, basta olhar ao redor de vez em quando e, com um pouco de sorte, verá uma pessoa “mancando” pelo escritório. É o sujeito que está sempre reclamando do quanto tudo é difícil, que as piores coisas sempre caem na mesa dele, que o computador insiste em travar, que o prazo é curto, que a vida dele é mais complicada…

A pessoa não sabe fazer nada sem mostrar o quanto aquilo é difícil, somente para valorizar ao extremo o que ela está fazendo. Age como se estivesse reescrevendo a Jornada do Herói todos os dias, sempre na parte da Provação Suprema – e faz questão que todos percebam isso. Todo mundo no escritório está trabalhando; ela, derrotando adversidades e se superando de forma quase inumana.

Sempre existiu gente assim no mundo. E acho que sempre vai existir.

Entretanto, tenho reparado que, de uns tempos para cá, o ato de reclamar exageradamente parece ter saído do universo profissional e se expandiu. Agora, isso vale para qualquer assunto. O pensamento de que uma conquista só tem valor se ela foi difícil (caso contrário ela é quase nula) parece não valer mais somente para o mundo profissional.

Houve uma inversão de valores: se dá muito mais importância à dificuldade em realizar algo do que à realização em si.

Não sei quem começou com este raciocínio, mas esta lógica é perigosa. Voltando ao mundo do futebol, é o mesmo que dizer que uma taça conquistada nos pênaltis tem mais valor que uma taça recebida depois de uma goleada de 5 x 0.

Hoje, não basta fazer bem feito. É preciso fazer com sangue, suor e lágrimas. E, claro, alardear esta dificuldade aos quatro ventos.

Abra o Twitter ou o Facebook. Não vai ser preciso procurar muito até encontrar alguém reclamando do chefe, da pessoa que não responde e-mail, da fila da lanchonete, da burocracia do banco, da incompetência do vendedor… O resumo da ópera é sempre o mesmo: “meu dia está complicado”.

Ou, indo além: “meu dia está mais complicado que você imagina”.

Ou, melhor ainda: “meu dia está mais complicado que o seu”.

Ter problemas se tornou a grande virtude do século 21. É preciso anunciá-los, como se fossem prova de eficiência, de talento, de construção de caráter.

Em alguns casos, reclamar sobre um problema para anunciá-lo se tornou mais importante que resolvê-lo. Dia desses, um amigo comentou comigo que havia pedido umas fotos para um assessor de imprensa, e nada do sujeito responder ao e-mail. Perguntei:

— Faz quanto tempo que você mandou o e-mail?

— Uns dez minutos! E é urgente!

— Bom, então por que você não liga para o cara?

— Porque eu estou sem tempo!

“Não, você não está sem tempo. Se estivesse sem tempo até para pegar o telefone e ligar, você não estaria reclamando disso comigo”, concluí.

Na verdade, eu já estava pensando outra coisa. Meu amigo estava enlouquecido por causa de um e-mail mandado minutos antes. Provavelmente, as fotos chegariam minutos depois. Vinte anos atrás, para o meu amigo conseguir as fotos, ele teria que ligar para o assessor de imprensa, que teria que gravar um CD com as imagens, mandar por motoboy (ou por correio)… Visto hoje, esse procedimento parece pré-histórico. Mas funcionava.

Ou seja, a tecnologia facilitou muito a nossa vida. Isso, claro, na teoria.

Pois, na prática, as coisas são um pouco diferentes. A tecnologia ajudou, sim, a tornar tudo mais rápido. Mas ela também criou necessidades que demandam ainda mais tempo para ser resolvidas. Truco.

Atualmente temos recursos que nossos avós nem sonhavam, mas ao mesmo tempo a vida é muito mais complicada hoje que no tempo deles. Antigamente, as fotos do meu amigo chegariam no dia seguinte e isto estava ótimo. Hoje, elas chegam cinco minutos depois, mas é insuficiente, precisa ser mais rápido.

O tempo é apertado, o prazo é para ontem, o resultado precisa ser imediato. A grana está cada vez mais curta, o individualismo fica cada vez maior, a intolerância (a tudo) cresce a níveis assustadores.

A vida hoje é mais difícil que décadas atrás? Sem dúvida. A prova disso é que hoje temos doenças que nem existiam cem anos atrás. A vida hoje deveria ser mais fácil que décadas atrás? Sem dúvida. Mas não é assim que funciona. Mesmo com todos os recursos tecnológicos, a qualidade de vida parece cair ladeira abaixo. Com isso, sobram reclamações. Sobre tudo e o tempo inteiro.

Claro que não estou falando de desabafos, do bom e velho “xingar muito no Twitter”. Todos nós temos o direito de detestar aquele dia em que tudo dá errado. Reclamar do chefe pentelho, da falta de grana ou do metrô lotado faz parte. E faz bem para a alma. Mas não torne a reclamação uma forma de se valorizar perante o público.

Não se queixe em busca de aplausos, pois não jogarão flores no palco. Ninguém está nem aí para as reclamações dos outros. Você vai estar apenas perdendo tempo. Se o meu amigo de infância tivesse prestado atenção, teria reparado que as pessoas ali nem notaram que o loirinho da ponta direita estava mancando.

Estavam mais preocupados em olhar o craque do time.

E como abri o texto com uma história do meu passado, vou fechá-lo com outra.

Anos atrás, eu fazia a revista de uma empresa. No começo do mês, o dono da empresa me ligava e passava as pautas que queria. Eu tinha três ou quatro dias para produzir tudo. Uma vez, ele sugeriu uma matéria impossível, que sozinha consumiria mais da metade do meu prazo. Eu, no telefone, respondi:

– Porra, essa matéria vai ser muito difícil de ser feita.

Ele nem pensou para responder.

– Eu sei disso. É por isso que estou passando para você. Se fosse fácil, eu mesmo faria.

Três dias depois, entreguei a matéria. Foi uma das melhores que escrevi na vida. E eu nunca esqueci essa lição.

As coisas são difíceis porque são suas. Se fossem fáceis, elas estariam nas mãos de um babaca qualquer, que não saberia nem por onde começar, e provavelmente não seria digno delas.

E isso não vale somente para trabalho. Vale para sua vida inteira.

Se a regra é matar um leão por dia, reclamar que a espingarda é ruim ou que as balas estão acabando não vai fazer de você um herói, e muito menos que o leão tenha pena. O segredo é mirar e matar o leão. Todos os dias.

Aí sim você pode xingar o leão do que quiser.

E se preparar para o próximo."



dezembro 24, 2014

Minha primeira tatuagem!

Finalmente, fiz uma tatuagem!

(fotos abaixo do texto)

Há anos, literalmente, eu quero fazer uma. Sempre achei bonito, sempre achei legal. Mas também sempre achei que ia me cansar do desenho, me arrepender e também sempre achei desenhos mais interessantes conforme os anos foram passando. De tanto achar, nunca fiz.

Antigamente, eu via toda tatuagem como uma experiência engrandecedora, um misto do ápice da expressão pessoal aliada à arte. Ou alguma baboseira assim. Acreditava que toda tatuagem deveria ter um grande significado, e aquelas feitas somente por estética eram "bobas".

No fim, bobo era eu.

Minha vida tinha algum significado especial? Minhas atitudes? Não. Então eu é que era imaturo ao julgar as importâncias alheias. A boa notícia é que a maturidade chega e a gente muda. As vezes pra melhor. Mesmo que você pense hoje como eu pensava antes, não é uma censura. É que eu sinto que me desprendi - mais uma vez - de algo inútil pra mim. Ufa. Faz o que quiser no teu corpo, caceta.

Passei a ver cada tatuagem de forma mais leve, Pode ter um significado. Pode não ter. Pode ser aquela coisa que hoje você ama muito mas depois de uns anos se arrepende; como aquela cicatriz lembrando de um feito heróico, acidente ou experiência nova que também deixou marcas físicas. Indeléveis. Hoje eu já não tenho mais medo de tatuar um desenho que eu me desinteresse com o passar dos anos... ele estará lá como as outras vergonhas, arrependimentos, acertos e louros da minha vida, me lembrando de como fui e de que - tomara! - eu tenha novamente mudado para melhor.

Assim, um dia, deixei de achar.
Fui lá e fiz.

Escolhi uma Jolly Roger, uma bandeira pirata, vontade velha que eu tinha. Juntei a vontade velha com a mentalidade nova: a Jolly Roger é a mais tradicional bandeira pirata inglesa, uma caveira e ossos cruzados brancos sobre um fundo preto. É tão famosa que tem como fonte no nosso computador, ó: 

A origem do nome é incerta. 'Jolly Roger' era um termo genérico para "um homem despreocupado e jovial" pelo menos desde o século 17 e o termo existente parece ter sido aplicado ao esqueleto ou caveira sorridente da bandeira lá pro início do século 18. Piratas usaram variações do desenho como símbolo próprio, precursor de mau agouro, símbolo de morte e pilhagem. O desenho que eu escolhi é uma variação da original, com duas espadas ao invés dos ossos cruzados; essa era a jolly roger do pirata conhecido como Calico Jack Rackham. Ele é lembrado por dois motivos: pelo design de sua bandeira, hoje popular, e por ter tido duas mulheres na tripulação, coisa rara. 

Com o fim da pequena aula de história, eu tinha um desenho. Gosto dos muitos conceitos e definições da minha tatuagem, e vou escrever aqui pra facilitar toda vez que alguém me perguntar "o que significa". Significa, caríssimos, que eu sou (ou me gosto, nascisicamente, de achar que sou) um "um homem despreocupado e jovial". Que eu gosto do mito e da ideia dos piratas românticos (eu encho tanto o saco dos meus amigos com essas brincadeiras, que me rendeu o apelido de "Capitão", entre alguns deles). Que eu acho que antes de ser um símbolo de morte, a caveira é um símbolo de igualdade humana, livre de preconceitos. Debaixo de todas as cores, raças, etnias, sexos, e o que mais o valha, todos somos uma caveira. Ossos. Essa tatuagem é também o meu Memento Mori, gravado na pele, lembrando-me para sempre que um dia eu vou morrer; aquele lance de ponderar e analisar a vaidade da vida terrena e a natureza transiente das posses materiais. Quem disse que algo tão à flor da pele ia ser tão profundo? Rá.

Ela tem espadas cruzadas ao invés de ossos, porquê além de ser o desenho que eu acho mais bonito, as espadas simbolizam força e luta, virtude, bravura e poder, entre outras coisas.

Embaixo de tudo, vem a frase "DEAD MEN TELL NO TALES". Também é um ditado pirata famoso, que diz "homens mortos não contam histórias/contos". Era usado com duas intenções em mente: uma delas uma ameaça e sentença de morte, para que a tripulação não deixasse sobreviventes do saque. Sem sobreviventes, sem testemunhas. A outra face dessa moeda era um lembrete de que toda história, mesmo as mais sangrentas, só eram conhecidas porque alguém havia participado e vivido, escapando do pior final possível para contar. Esperança. Para mim, pessoalmente, é mais: sou um jornalista e literalmente não ter histórias pra contar é morrer. Escrever é o que eu amo. Me sinto morto e vazio sem isso. Ameaça e esperança. Vida e morte. Simples assim.

Os outros componentes da tatuagem são simplesmente estéticos. É no estilo aquarela simplesmente porque eu acho bonito (principalmente para compor um tema náutico. Fitting.). As cores foram escolhidas numa sugestão do meu tatuador, de acordo com as minhas ideias ainda abstratas. As espadas também foram invertidas pela harmonia de tamanho e proporção do meu braço - magrinho, tadinho...

O resto é logística: eu decidi que queria fazer a tatuagem, e passei a pesquisar tatuadores bons, e estilos de arte que eu, leigo total, achasse legal. Encontrei o Victor Otaviano sem querer, numa matéria do Hypeness, e achei totalmente sensacional. Entrei em contato e fiquei atrás dele quase um ano, devida a sua agenda lotada. O cara tem agenda de famoso, mas é gente fina demais, sossegadão. Artista de mão cheia. Recomendo muito!

Dia 06 de dezembro, consegui fazer a tatuagem, numa única sessão de pouco mais de uma hora e meia. Sim, dói. Mas sim, é suportável. Também sangrou um pouco. Tem centenas de pessoas mais preparadas do que eu para te dizer o que fazer quando for tatuar. Segue o basicão: não beba, tome banho e relaxe. Passe a pomada indicada (eu ainda uso a Bepantol Derma). É só cuidar. Dói pra fazer, aí a tatuagem fica linda. Aí descasca, fica opaca e horrível. E depois vai ficando linda de novo - desde que você não coce, e não arranque as casquinhas que fizerem. Só lave com sabonete no banho, passa a pomada sempre que estiver seca, e não mexe mais. Não pega sol por pelo menos um mês. Não entre em piscinas ou no mar. E você vai checando trezentas vezes por dia no espelho, porque é legal bragarai!

Já penso na segunda. Esse negócio vicia!

(Primeira foto da Trupe da Tattoo. Meu irmão e namorada deram apoio moral. Te amo, marujos!)














Segunda foto: a última de braço limpo.





















Terceira foto: under construction.

Quarta foto: finalizada e fresquinha!




















Última foto: no fim ficou assim. Eu achei sensacional! (que é o que vale; afinal, tá no MEU braço, e não no TEU. Hahahaha!) 


















O desenho original:




maio 13, 2014

24 Horas, futurista?



Fiz esse post movido pela curiosidade: a série que eu mais gosto, 24 Horas, voltou a ser televisionada após um hiato de quatro anos - o mesmo tempo que se passou dentro da série. Depois de um tempo, me peguei pensando nos intervalos entre temporadas, e fiz as contas abaixo.

Embora os escritores tenham ditado que os eventos 24 em aconteçam num estado de "agora perpétuo", nunca especificando datas e anos de propósito, nós podemos muito bem especular!

A primeira temporada estreou em 2002, então digamos que esse seja o ano inicial de contagem. A segunda temporada começa 18 meses depois, ou seja, meio de 2004. A terceira são três anos depois, no meio de 2007. A quarta são novamente 18 meses depois, o que a coloca em 2009. Mais 18 meses, e a quinta temporada é na metade de 2010. Vinte meses até a sexta temporada, e estamos em pouco mais da metade de 2012. Três anos até o filme Redemption o colocam em mais da metade de 2015. A sétima temporada é apenas 65 dias após o filme, então ainda estamos em 2015. Mais 18 meses até a oitava temporada, e estamos agora em no começo de 2017. Mais 4 anos, e essa nona - e nova - temporada passa no inicio/meio de 2021.

Pelo que eu pude pesquisar rapidamente, as primárias presidenciais podem ter acontecido em 2002 - ato que inicia a série. Houve eleições em 2000 (Al Gore contra George W. Bush) e em 2004 (John Kerry opondo Bush). As primárias começam entre um e dois anos antes da eleição. Então, mesmo que a ficção dite que o Presidente Palmer disputou em 2000 (e a série mostrava isso 2 anos depois), e a primária da Califórnia tenha acontecido em meados de 1998, então estamos hoje em 2017, pelo calendário de Jack Bauer.
O mais provável, no entanto, seja que a primeira temporada se refira as primárias presidenciais de 2002/2003 mesmo, para a eleição de 2004; então estaríamos mesmo em 2021/2022, no universo de 24 Horas.

David Palmer também seria o primeiro presidente afroamericano, como Barack Obama, que assumiu apenas em 2009 - mas Palmer veio antes, lá pra 2004. A presidente Taylor assumiu em 2015 (pela série, sim, eu sei que não existem eleições em 2015), então podemos esperar logo mais a Hillary Clinton ganhando, talvez em 2020?

novembro 22, 2013

Desapegando do apego

Eu tenho dificuldade em me desapegar das coisas. Eu sempre suspeitei disso, mas hoje eu tive a confirmação.

Fiquei mais uma madrugada acordado, fazendo o que eu sempre faço quando estou entre freelas ou simplesmente não preciso acordar cedo. E entre as coisas que eu faço está um dos meus esportes favoritos: pensar na vida. No que foi, no que será, no que podia ter sido. Como eu seria e o que eu faria ao ganhar o prêmio máximo da mega sena. Quando meus filhos nascerem. Se eu escrevesse um livro. Qualquer coisa. A madrugada amplia as minhas viagens, e acho que sempre foi assim, desde que eu era menininho.

E nessa madrugada, juntos dos meus pensamentos perambulantes, eu achei uma coisa que era do meu avô. Um pincel para se barbear, com o cabo de plástico branco imitando madrepérola, e com um restinho bem ralinho dos pelos de castor que pincelavam a espuma no rosto. Meu vô usou esse mesmo pincel por muitos anos, até dá-lo para meu pai. Meu pai o usou por mais de duas décadas, antes de dá-lo para mim e meu irmão. Nós dois fizemos barba com esse pincel. Mas hoje, mais velhinho do que eu, prefiro deixá-lo guardado e não usá-lo mais. Tenho dó.

E ao guardá-lo novamente, eu vi que eu tenho muitos desses itens, com mais ou menos importância. Eu tenho um abridor de garrafas que minha mãe me trouxe de Paris, que nunca foi usado por ciúmes. Eu tenho um adesivo da Millenium Falcon, presente da minha irmã lá da sua viagem para Disney, que eu jurei que ia colar no meu carro e nunca o fiz. E quando eu trocasse de carro, como descolar? E pra quê sujar o adesivo? Eu ainda tenho montes e montes de gibis guardados, mesmo aqueles que não são de estimação (como são Preacher e Watchmen), simplesmente ocupando espaço. Tenho dó de doá-los.

Será assim também com nossas memórias, nossos amores perdidos, nossas experiências, nossas fotos velhas? As guardamos num baú fundo, ocupando um bom espaço das coisas novas, só porque temos apego, ou medo de jogar afora alguma coisa que um dia foi valiosa?

E de onde vem esse medo? É um sinal para não se desfazer de algo? Talvez um sinal da minha própria pequenez ao ter dó de jogar uma fronha que uma ex-namorada me deu - e eu nem mesmo nunca usei, com medo de estragar! É o paradoxo dos paradoxos: eu nunca usei o presente para não estragar, e guardo uma coisa que nunca usei por anos, porque ela me é importante. Mas se fosse importante, não era pra eu ter usado, caceta?

Não sei. Só sei que nada sei. Só sei que hoje, ao olhar esse montão de coisas no meu armário, me deu vontade de jogar tudo fora. De guardar menos de um décimo de tudo, numa pequena caixinha que não me ocupe espaço. Pra quê esse monte de foto se os momentos estão gravados à fogo na minha memória? Já não me bastam as fotos virtuais, cada vez mais numerosas, um número impossível de ser visto por qualquer pessoa que não eu, na minha eterna vaidade?

Já não me bastam os anos ótimos e ruins com as pessoas que um dia eu amei, cuja passagem pela minha vida me mudaram para sempre? Eu ainda tenho mesmo que guardar uma fronha, uma carta com batom, aquela camiseta dada e que eu nunca gostei? Até hoje, mesmo que inconscientemente, eu achava que sim. Depois de analisar tudo, olhando pelo prisma daquele pincelzinho de barba que passou pelas faces de três gerações de homens da minha família, tenho certeza que não. ISSO é importante. Uma camisa velha de um natal esquecido, um presente de amigo secreto que nunca serviu, não é.

Eu sempre digo que tenho uma memória quase eidética para filmes porque eu acho que o cinema se registra na minha mente à nível emocional; todo e qualquer filme me toca de alguma maneira, e eu acho que Hollywood tem um pedacinho da minha alma, só pode. Esses itens velhos passam pelo mesmo crivo: se é importante, ou foi importante, ficam guardadinhos em segurança. Se é algo que não me importa, logo me esqueço.

Mas desapegar das coisas importantes também é igualmente importante, redundâncias à parte. É reconhecer o que é, o que foi, e o que será. É vender o seu primeiro carro pois você comprou um melhor, e não tem espaço pra dois na garagem. É doar um jeans velho que não entra mais, quando comprar um maior. Renovação, sabe? É bom, e não precisa de nada importante na vida, um evento marcante. Pode ser simplesmente uma constatação na madrugada, um pensamento de meia hora, um texto de blog.

Qual é o meu ponto? Nenhum. Não tem ponto. Não dessa vez.

É só que chega a ser engraçado. . . A gente se desfazendo de coisas que eram importantes em um dia sem nenhuma importância. Talvez seja esse um dos sentidos da vida: a gente ir precisando cada vez menos de cada vez menos coisas, até uma hora em que a gente já não precisa de nada, e morre. Mas morre com tudo na memória, apegado a uma vida de coisas importantes e dias sem marcação, fotos tiradas com os olhos do primeiro cachorro, da festa de formatura, do nascimento do primeiro filho.

E morre sorrindo, feliz por ter passado aquele pincelzinho de barba pro seu neto, sabendo que ele não precisa daquilo para lembrar de você; mas que ele talvez precise daquilo pra se lembrar do que é importante e do que deve ir embora numa faxina de sexta-feira.

setembro 24, 2013

Amores possíveis?

Hoje eu estava pensando no significado da expressão 'amores possíveis'.

Logo de cara, me veio a definição normal da coisa. De bate pronto, eu imaginei que um amor possível é aquele que dá pra acontecer, que tem uma chance, uma possibilidade real. Um que não seja platônico. É a concessão da realidade, aplicada aos relacionamentos. Por que não? Afinal, a gente abre concessão pra tudo na vida: tem o 'carro possível', o 'emprego possível', a 'vida possível'. . . Sempre 'o melhor que dá'. O amor possível é a extensão realista, coisa de quem tem o pé no chão. É comprar um popular e não dar asas ao sonho de ter uma Ferrari, porque, convenhamos, você sabe o quanto tem na conta.

Quem sabe não é melhor assim? A gente tenta com tantas pessoas, tantos possíveis pretendentes, pessoas que conhecemos, que trabalhamos junto, que conversamos na internet, que são nossos vizinhos, amigos de amigos. . . A chance de encontrar alguém que nos complete é bem razoável. Tudo bem que é maior ainda é a chance da gente se decepcionar com alguém. Ou simplesmente não se interessar. Afinal, pra esse mundão de gente, tem um, talvez dois - ok, digamos três; depois de dois divórcios, certo, Ross? - que a gente ache que é pra sempre. Pelo menos até não ser mais.

E então, pra não sonhar com a Ferrari, digo, com aquela alma gêmea, a gente faz alguns planos, e aceita a realidade como ela é. E no mundo real não tem príncipe encantado: tem o amor possível. Tem aquela mulher que não é linda, mas pelo menos não é feia. Que se cuida um pouco. Ou você ainda não chegou no consenso do nome do filho de vocês - talvez ele nem queira um, você não sabe - mas os dois gostam de comida japonesa. E ele sabe comer de hashi. Por enquanto, dá pra seguir. É o possível.

Isso deve funcionar pra muita gente. Você leva uma vida da melhor maneira possível. 'Possível' no sentido de contrário de impossível mesmo, no sentido de "sonho tem esse nome porque ele não é real e não acontece a não ser quando dormimos".

Mas pra mim, o amor não é coisa de manter o pé no chão. Pra mim, ele é coisa de fazer voar. De se jogar do quinquagésimo andar e cair flutuando que nem pena no colo do amado, se aninhando. Eu sou dos que sonham. Dos que fazem contas com dinheiro inexistente pra comprar a Ferrari. Que faz contas com o dinheiro nunca recebido da Mega Sena.

Um 'amor possível' é um paradoxo. Pelo menos na minha opinião.

Porque oras, o amor é a expressão máxima do impossível. Tem gente que se mata por amor, pensando em ficar vivos! Esse montão de música aí afora não pode estar errado. O amor é como o oxigênio. Love lifts us up where we belong. All you need is love!

Se você acha isso bobagem, eu vou tentar ilustrar de outra maneira: você se lembra quando eramos crianças, porquê todos nós admirávamos atletas? (se você respondeu "porque eles comem modelos", saiba que isso é porque NÓS, adultos, gostamos deles).

Quando se é criança, você gosta de um atleta porque eles seguem os sonhos deles. Porque aquele cara tá ali, fazendo o que você por enquanto só sonha. Eles fazem o impossível, possível.

Eu não quero um amor possível. Eu não quero concordar nas coisas pequenas. Eu quero concordância nas grandes, nas importantes. Quero alguém perfeito. Não alguém sem defeitos, utópico: mas aquela perfeita pra mim. Aquela em que a maquiagem borrada suja o rosto, mas não o caráter. Eu quero dar um beijo e ouvir a torcida gritando meu nome. Que toque trilha sonora quando rolar o abraço na chuva.

Pra mim, todo amor de verdade é impossível. Afinal, como pode ser fogo que arde sem se ver? Como pode uma coisa real ser ferida que dói e não se sente? Um contentamento descontente? Um andar solitário entre a gente?

Amor é paradoxo. É impossibilidade. É tudo. Só não pode morrer na sombra do real.

Pensando bem, acho que essa é uma preocupação besta: deve também ser impossível matar o amor.

setembro 18, 2013

Sem escrever

Caceta, já tem dois anos que eu não passo por aqui!? É isso mesmo?

Por um bom tempo, esse blog foi uma coisa importante pra mim, um espaço pra ideias, registros, anotações e até mesmo confissões. "Um diário aberto ao público" era como eu o classificava. Sempre gostei de compartilhar minhas ideias, por mais bobas e fúteis que fossem. Pra mim, coisas fúteis IMPORTAM - e se você já esteve por aqui, sabe que isso é notícia velha.

O fato é que eu estive longe. Um misto de não ter vontade de escrever, saco, assunto interessante, pensamento lógico, tempo. . . Aí eu comecei a sair de final de semana como eu não fazia há anos. E não digo só de noite não, pras baladas perdidas por aí. Mas pra casa de amigos, sítios, churrascos, almoços, cinemas, passeios, bares. . . Nunca fui de ficar em casa, e de uns anos pra cá, menos. E quando eu estou em casa, eu durmo. Ou assisto filmes. Ou fico no videogame.

Assim, escrever foi deixando de ser uma opção de lazer, e sim uma opção restrita ao trabalho. Sou jornalista. Eu escrevo algo todo dia. Coisas boas e coisas ruins, coisas interessantes e coisas idiotas. E no fim das coisas, é simplesmente algo que eu nem penso mais em fazer quando chego em casa. Não chego a ficar longe do computador - só do editor de textos.

E, no entanto, estou errado. Ou melhor, isso me parece errado. Eu sinto como se fosse errado. Não quero isso. Preciso lembrar que escrever é, antes de ser ganha pão, minha paixão. Sempre foi, sempre será. Mesmo eu escrevendo as vezes coisas ruins e idiotas. E mesmo eu ficando com preguiça de escrever, as vezes. E mesmo que esses as vezes seja por dois anos, e não duas semanas.

Pensando melhor, escrever não é minha paixão. Paixão é fogo. Quando apaga, é pra sempre. Aquele fogo se foi, e o máximo que dá pra fazer é acender outro. Pode ser parecido, mas nunca queima igual. Até porque cada nova fogueira que a gente acende vem sempre em cima das cinzas dos fogos outrora existentes. Camadas e camadas de fuligem se assomando embaixo da chama nova. Pode ajudar nessa nova combustão, como pode sufocar o calor, e a gente nunca sabe o quando e o quê.

Pra mim, escrever é amor. Amor daqueles que você não precisa ver sempre pra sentir. Que sempre é presente, mesmo que você não perceba. Que entra na rotina e você não se imagina sem - ou se imagina, é sempre como tragédia, da mesma maneira que nos imaginamos cegos, ou sem pernas ou sem outro dos amores da vida. Amor daqueles raros, que eu vou conseguir desfrutar tanto velho quanto novo, tanto como causa ou razão de animação, depressão e preocupação. Tanto como trabalho quanto lazer. As vezes gostoso e outras vezes uma obrigação modorrenta. Um sofrimento sublime.

O que vale é que eu tava sentindo falta do meu amor. Voltemos a escrever, e nós ver mais, então.

outubro 19, 2011

Ele e Ela

(Não é um texto meu... peguei da net, e desconheço o autor. Se alguém souber, favor colocar nos comentários.)

ELE anda cansado das baladas e dos casos furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor verdadeiro, que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.

Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa transformando um domingo sem graça no melhor dia da semana. Quer viver uma paixão tranquila e turbulenta de desejos... quer ter para quem voltar depois de estar com os amigos, sem precisar ficar "caçando" companhias vazias e encontros efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.

Quer brincar de guerra de travesseiros, até que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus super heróis da infância tiveram... o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir embora no dia seguinte.
Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!

ELA quase deixou de acreditar que seria possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais, recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar. Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu que quer um amor verdadeiro... que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de "gol" estremecendo a casa quando o time dele estiver ganhando... a cumplicidade em dividir os segredos.

Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na varanda... quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.

Quer a certeza de abrir a porta de casa e saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder, beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo... materializada nele.
Quer provar que pode fazer esse homem feliz!

ELES estão por aí... sonhando um com o outro... talvez ainda nem se conheçam... mas é só uma questão de tempo, até o destino unir essas vidas que se complementam e estão ávidas para amar e fazer o outro feliz.

Ou alguém duvida que o universo traz aquilo que desejamos?

outubro 05, 2011

Meu dia, minhas regras!

Hoje é meu aniversário. Hoje é o meu dia!

Faço 29 anos! Eu li em algum lugar que o auge do homem é dos 30 aos 40, e que os 40 são os novos 30. Isso significa que eu tenho ainda pelo menos dez anos de vida BEM aproveitados, provavelmente onde vou criar os alicerces da minha família (sim, porque eu quero casar). Ou pelo menos, errar bastante dando risada...

E o MEU dia me parece melhor do que o ano novo pra criar resoluções, né? Ano novo todo mundo tem, aniversário hoje, só eu!

E minha grande resolução é: NÃO FAZER RESOLUÇÕES.
Grato.

Meu dia, minhas regras, minhas ordem de não esperar nada além do que o que a vida me der. E agarrar com força o que aparecer!

Vamos que o ano novo começou! Pelo menos pra mim.

setembro 19, 2011

Dream On

Às vezes eu penso que sou velho. Faço 29 anos dia 5 de outubro. Quase trintão.

Penso nas coisas que conquistei - nas POUCAS coisas. Penso nas coisas que eu perdi, que ultimamente vivem a rondar minha mente. Parecem MUITAS. O balanço da conta não soma positivo, e inevitavelmente uma melancolia se instala.

E eu conheço poucas formas de afastar isso. Me jogar em baladas, saídas com os amigos, amores vazios, não parar em casa, bolar projetos, ocupar a mente. Mas como ocupar uma mente já cheia? Como um copo cheio de café, você precisa primeiro jogar tudo fora pra encher de água. Ou beber de um só gole - mas o gosto é amargo.

Beber de golinhos não adianta, porque - convenhamos - isso só faz demorar mais para que você mate a sua sede. E mesmo que o nível vá invariavelmente baixando, certas horas você simplesmente tá com o saco cheio de engolir - ainda mais - coisas goela abaixo.

O que fazer então?

Não sei. Acho que nunca saberei. Se eu tivesse a capacidade, eu tomaria todo o café de uma só vez. Faria uma cara feia. Talvez até ficasse remoendo o amargo na boca por um tempo. Mas acho que passaria logo, e decerto eu conseguiria encher o copo de novo mais rápido.

Aí eu penso nisso e estranhamente me sinto jovem. Eu tenho tempo. Afinal, eu SÓ tenho 28 anos, certo? Faço 29 anos dia 5 de outubro. Quase trintão! Eu posso sair, me jogar em baladas, saídas com os amigos, amores vazios, não parar em casa, bolar projetos, ocupar a mente. Sempre que quiser. Renovar tudo. Eu posso pegar todas as frustrações, amassá-las em uma bola densa dentro do peito, e expulsar isso de dentro de mim com um grito alto e longo. Usar o fogo de alguma paixão pra queimar tudo de uma vez. Não preciso tomar o resto do café de uma só golada, ou mesmo de pouco em pouco - posso jogar tudo no ralo. Ou na cara de alguém! Faria uma cara feia. Talvez até ficasse remoendo a imagem por um tempo. Mas passaria.

Dizem que você tem que beber o amargo pra saber como é o doce. Dizem até que o doce fica mais doce depois do amargo. Depois da engolida forçada do azedo, que desce queimando a garganta e se instala no seu estômago como um tijolo.

Eu já experimentei o doce mais doce que apareceu até agora na minha vida. E foi bom. Bom não, foi ÓTIMO. Mas também já experimentei o amargo mais amargo até hoje. Nos meus quase trinta anos, conheci ambos os sabores.

Acho que posso dizer com segurança que eu prefiro o doce. Eu não tenho vocação pra ser melancólico. O trágico pode ser belo, mas eu não me encaixo nisso. Quero - como a maioria de nós - ser feliz. E alegre, e belo, e continuar sonhando. Mesmo enquanto eu estiver vivendo um sonho.

Penso nessas horas que isso é o mais importante. Sonhar mesmo que o sonho esteja acontecendo. Ou morrendo.

Quero mais. Sempre mais. Quero tudo.

E quero agora.


...



Every time that I look in the mirror
All these lines in my face gettin' clearer
The past is gone
It went by like dusk to dawn
Isn't that the way?
Everybody's got their dues in life to pay

I know, nobody knows
Where it comes and where it goes
I know it's everybody's sin
You got to lose to know how to win

Half my life's in books' written pages
Lived and learned from fools and from sages
You know it's true
All the things you do
Come back to you

Sing with me
Sing for the year
Sing for the laughter n' sing for the tear
Sing with me
If it's just for today
Maybe tomorrow the good lord will take you away

Dream on
Dream until your dream comes true

Dream on
And dream until your dream comes true

Dream on

Sing with me
Sing for the year
Sing for the laughter n' sing for the tear
Sing with me
If it's just for today
Maybe tomorrow the good lord will take you away

setembro 12, 2011

Mulher Perfeita 2!

Eu já escrevi sobre isso, mas eu acho que o assunto rende mais um post. E, claro, soma o fato de eu estar, novamente, em busca da minha mulher perfeita.

Para quem não leu o outro (e pode ver aqui, antes de terminar esse), esse texto é como uma carta de intenção. Um desejo escrito e registrado. Um foco no que seria a MINHA mulher perfeita. Então, sinta-se livre para discordar, opinar, ou simplesmente reclamar ai embaixo.

Ah, esse post vem a somar com o outro. Não necessariamente a substituí-lo. Mulheres perfeitas são assim... cheias de predicados... por vezes conflitantes!

A minha mulher perfeita tem que ter fibra moral. Tem que saber o que quer. Tem que ter DRIVE, saca? Ela sabe dos riscos, sabe que o que ela deseja pode ser perigoso, que pode até morrer na sua busca, mas ela vai atrás. Porque se ela não for, sua vida vai ser um grande "e se?", empurrado com a barriga. Indecisão? Só a momentânea, de não saber o que comer ou se o vestido preto é mais bonito do que o azul. Eu quero uma Beatrix Kiddo.

Ela não pode regredir. Altos e baixos existem na vida de todo ser humano, mas se você aprende com os erros, então você está, de fato, INDO PRA FRENTE. Pelo menos em minha opinião. Ter orgulho dos teus defeitos é algo bacana apenas se esses defeitos não te atrapalham em muita coisa. Conhecendo-se melhor, minha mulher perfeita está, como escrito em uma missão de empresa bem definida, "buscando a evolução constante e o infinito aprimoramento pessoal". Infinito porque - sério? - podemos aprender até o dia da nossa morte. E talvez até mesmo depois, nos diz Hollywood. Eu quero uma Trinity.

Ela não pode ser periguete. Sair ficando com todo mundo porque ela pode pode só me faria contemplar a eterna diferença da palavra 'pode' e da palavra 'deve'. Num exemplo babaca, você 'pode' se jogar da janela... mas talvez você não 'deva'. Minha mulher perfeita tem que se comportar como uma mulher (pelo menos na maioria das vezes... eu abro uma exceção pra quando rolar o videogame), e não como um 'homem'. Ser segura de si é diferente de sair distribuindo. Minha mulher perfeita é como um vinho caro: só quem tem cacife e bom gosto já provou. E lógico - quem comprou a garrafa e levou pra sempre fui EU. [atualização] Relendo isso eu achei que poderia passar a impressão que eu sou machista. No caso, o paragráfo acima apenas mostra que a minha mulher perfeita tem que se valorizar, ponto. Ela pode ter tido mil caras antes de ficar comigo, desde que por quaisquer outros motivos que não a "pressão da sociedade pra pegar geral", o que eu acharia meio triste. Minha mulher perfeita faz o que quiser, quando quiser, quando tiver vontade. E sabe o quanto vale. [/atualização]


Minha mulher perfeita também deve ser confiável. Ela não pode me deixar na mão. Isso não é o mesmo de sempre me apoiar, veja bem. Ela pode (e deve, sempre que quiser) discordar das minhas atitudes, e se opor veementemente a isso. Mas eu devo sentir que posso confiar minha vida a ela. Que ela não vai me decepcionar, mesmo eu estando errado. Que ela viria atrás de mim, pra me salvar, caso eu esteja preso nas mãos de traficantes bolivianos e seus amigos fundamentalistas islâmicos. Ou aliens. Mesmo que ela só tenha quinze minutos antes da explosão atômica. Eu quero uma Ripley.

Minha mulher perfeita tem que ter qualidades que completem os meus defeitos, e vice versa. Ela pode ser briguenta, já que eu sou paciente. Aí ela brigaria por mim contra o terrível mundo da telefonia celular, e eu pediria calma por ela na hora de acertar a conta do bar. Ela é uma mulher de ação. Ela FAZ. E na hora da preguicinha, de pensar duas vezes, entro eu. Ela seria desonesta e eu, honesto. Então enquanto eu devolvo o dinheiro que caiu da carteira do senhor da frente, ela me chama a atenção que o caixa cobrou uma cerveja a menos e me faz sinal de xiiiuu! Eu quero uma Sarah Connor.

Ela também não pode ser exibicionista. Acho que isso seria um adendo ao lance da periguete. Se mostrar os peitos, cobre a perna. Coxas à mostra? Então segura no decote, beibe. Bom gosto é essencial, e mostra que a mulher se garante. Isso dito, ainda sou fã de saltos altos e vestidos justos. Vestir-se linda e de maneira arrasadora pra ELA é uma coisa. Para os outros é completamente diferente. Minha mulher perfeita é sexy e SEGURA DE SÍ.

É preciso que haja qualquer coisa de dança no jeito dela. Qualquer coisa de gato andando no telhado. Ela fuma como a Audrey Hepburn. Ela me encara com os olhos da Marion Cotillard. Ela é cheirosa a tal ponto que até quando ela está suada e fedida eu gosto, de um jeito meio animal. Ela tem a pele macia, e algumas cicatrizes pra contar história são aceitáveis. O mesmo para pintas e manchas charmosas.

Ela ainda tem que ser linda, e eu tenho que achá-la gostosa. Gostosa de pegar. Deve ser linda espreguiçando. Saindo da piscina. Do banho. Deve ser feminina. Gostar de música, filmes e gibis. E de best-sellers (porque como meu amigo Gustavo diz sobre mim, "você é mainstream"). E do Conan. Sim, ainda. Meu amor pelo Conan é eterno. E ela vai ler Preacher, gostar, e me ver como o Jesse Custer, e ela como a Tulipa.

Ah, eu acho que não preciso mais dos bonés na praia... ela só precisa de óculos escuros estilosos. Partidas de frescobol são bem vindas, mas assim como qualquer caminhada ou conversa com cerveja debaixo do guarda-sol, com música saindo do celular. Fiquem tranquilos que eu tenho bom gosto musical (e minha mulher perfeita também!), então vocês não iam pedir para que a gente ficasse de fone de ouvido.

Um nome bonito ainda é um requerimento, desde que EU considere um nome bonito. Ah, e teremos apelidinhos bestas um pro outro, mesmo que sejam simples.

E um dos apelidos será "amor da minha vida".