Bigodes: faciais e faceiros!

O que grandes homens como Wyatt Earp, Friedrich Nietzsche, Magnum e Coronel Mostarda tem em comum? (grandes homens podem ser fictícios - e normalmente o são)

A resposta chega a estar literalmente na cara de tão simples: um belo bigode.

Estilo clássico de pelo facial (pelo sem acento; o Fodecasting já é um blog com regras gramaticais novas), o bigode é quintessencialmente uma coisa de macho. Ou da Frida Kahlo. Que era mais macho do que a maioria, vale dizer. O bigode também é, antes de mais nada, uma declaração - de independência, rebeldia ("abaixo às caras limpas!"), liberdade ("pelos do buço, vocês estão livres!"), intimidação ("meu bigode é maior que o seu, rá..."), estilo ("please MTV, pimp my mustache"), naturalismo ("bigodes são hereditários?"), reprodução ("um dia você irá crescer e se multiplicar, bigodinho") - mesmo que seja simplesmente para dizer a todos que pelos labiais são sexy, além de ajudar a limpar o resto da sopa e segurar a espuma do chopp. Belo E prático. Et très très chic, diriam os estilistas.

Contra a corrente do bigode como atributo pessoal, políticos do mundo usaram com miríades de diferentes intenções e propósitos públicos, atingindo reconhecimento. Josef Stalin, Adolf Hitler, Martin Luther King e Gandhi que o digam. Filhadasputagens à parte (Hitler deu seu nome ao estilo que usava, afinal - seja os da face ou lá embaixo), portadores de bigodes únicos.

Abundam mais exemplos a serem seguidos. Para os que estão no showbiz, basta lembrar de Charles Bronson e Burt Reynolds, canastrões até o talo, mas com bigodes de alta estima. Chaplin e Groucho Marx, baluartes inaugurais do estilo, perderam pontos por usarem bigodes falsos - na verdade, admiravam os reais possuidores. Inveja do falo, diria Freud. Que aliás deixava toda a barba apenas para subentender um bigode, aquele fresco. As vezes um bigode é apenas um bigode, caro Sigmund. Em caminhos opostos e gênios da sua própria arte, Salvador Dalí e Ron Jeremy usavam os respectívos pinceis - e bigotes pornográficamente surrealistas - para causar espanto. Falando em pincel, o Sargento também tinha um. Bigode, não o pincel. Esse era proibido mostrar no horário que Os Trapalhões passava na tv, ô da poltrona. Psit!

Espanto também causavam Bill, o Acougueiro, epítome do mal, e Ned Flanders, irritantemente bonzinho. No meio termo, Lando Calrissian aparecia para mostrar que a ficção científica também tem sua cota de bigodudos de responsa. Mario, sempre multimídia, influenciaria seu irmão Luigi e o mundo a cultivar os pelos faciais, a colecionar estrelas e a chutar tartarugas. Já Hulk Hogan e seu atomic leg drop, Emiliano Zapata e seu viva!, e Mark Spitz e suas medalhas provam que pessoas reais podem parecer personagens de ficção. (Spitz dizia que o bigode o fazia respirar debaixo d´água!). Porém, Albert Einstein diria que isso é relativo, e que seu bigode era criado pela curvatura do espaço-tempo. O de Stan Lee apareceu quando ele foi picado por uma aranha radioativa? Ou seria produto de uma mutação, ou dose de raios gama? Ou mesmo radiação cósmica? Não importa, os Samurais - sempre iluminados - sabem que podem te raspar todo o cabelo, pois a dignidade está no bigode. Dona Flor, malandra, sabia do poder atrativo do bigode e ficou logo com dois. Freddy Mercury, zanzibariano (é assim que fala?) de nascimento, inglês na fama, mas de alma e opção sexual argentina, lançaria o lema de todos os que fazem a barba por imposição social: I want to break free!

Depois de tantos exemplos, você ainda consegue ficar sem o seu?!

Eu não.