Corrida de Kart
Nesse domingo à noite, véspera de feriado em Sampa, eu fui num kart. Meu primo ia com uns amigos dele, e me chamou pra ajudar a completar a lista - eram doze corredores.
Eu, claro, fui. Sempre gostei de corrida, e não fosse só isso, acho que máquinas e velocidade estão dentro da corrente sangüínea de qualquer homem que se preze. Assim como 90% da população, parei de assistir à Fórmula 1 quando o Ayrton Senna morreu, mas isso não me tirou o gosto pela coisa - e nem a mania de fazer barulhos com a boca no carro... Vrum, vrum! Sckrisssh!
Já saímos de casa com a adrenalina em alta: meu tio se atrasou e me pegou tendo que chegar no kart em 1 minuto - moro a uns 10 minutos de lá. Muito responsavelmente, meu tio chegou lá em 5 minutos. Não perdemos nada.
Pegando o capacete, luvas e a balaclava - na corrida ela tem a função de proteger contra um incêndio - e já olhei pra todo mundo como se eles fossem mosquitos, aquele pensamento de "vou te pegar! Ah, úh!" na cabeça... Três minutinhos de preparação e explicação sobre as bandeiras, e lá estavamos nós nas primeiras voltas classificatórias. De doze, larguei em sexto.
"Até aí, tudo bem", pensei. "To bem no meião, não dá pra ficar em último, e eu vou ter que me esforçar pra ficar em primeiro. É o desafio que move o homem."
E foi dada a largada!
Já pisei no acelerador com tudo, preguejando por não ter marchas e nem embreagem. E por eu estar gordo. E por meu carro parecer ter só uma válvula. Mas parece que eu não era o único, então mesmo lento eu mantive a posição. E assim foi por umas 8 voltas - sempre com um carro cutucando atrás, e eu tentando evitar o estupro passando por cima do da frente. É a lógica da vida; você tira o teu da reta pondo na dos outros.
Aí aconteceu a coisa mais engraçada: passando por uma curva, me mostraram a bandeira azul. Essa era a que sinalizava que eu devia ir pra direita, e permitir a ultrapassagem do carro de trás, porque eu seria um retardatário. Mas na hora eu era o 5º... "Que primeiro lugar é esse que me dá uma volta no 5º? Alain Prost?" Teimosão, não deixei passar. Tavam tentando de dar um golpe, claro. Ou era engano.
Mas, na mesma curva, uma volta pra frente, o cara que me mostrou a bandeira deu um berro: "VAI PRO BOOOOOOOX!" - conforme eu passei rasgando. Aí eu entendi. Achei que tinha ferrado com o carro, tava com o pneu furado ou coisa assim - isso explicaria porque eu não conseguia passar o 4º lugar - meu tio.
Fazer o que? Era comigo.
Parei na joça do box.
E eis então que eu ouvi a coisa mais estranha - o outro cara que me parou no box, fez sinal com as mãos pra eu diminuir e falou:
"Olha, vai mais devagar, porque você tá acelerando demais nas curvas e assim você pode rodar."
"O que?"
"É, você tá forçando demais as curvas e as ultrapassagens... vai acabar rodando. Vai na manha."
"..."
Nessa hora, acho que ele percebeu que eu tava pasmo (e puto, porque nesses 20 segundos, TODO MUNDO me passou) e me liberou. "Agora vai", ainda disse, antes de abrir caminho.
Aí já viu, né? Ferrou tudo. Demorei umas 3 voltas só pra passar o último... Tomei 3 voltas do primeiro, e terminei a "corrida" em décimo dos doze. DÉCIMO! E um era um molequinho de 12 anos, e o outro, um velho de 90.
Fiquei pensando o que leva um cara a falar aquilo. Vai na manha porque você tá correndo demais? Porra, mas é uma corrida, cacete! Ou nas Olímpiadas os café-com-leite saem na frente?
Imagina se a moda pega? O juíz da luta do Evander Holyfield dizendo: "Olha, brincadeira de mão não dá certo nunca... Soca de leve."
Acho que eu é que devia ter passado em cima do cara, dizendo "acho que você deveria ter saído da pista".
Maldade? Não.
Pura competitividade. Coisa de macho.
Porque pedir pra parar é como pedir água ou arrego.
Talvez eles tenham percebido isso e pedido pra parar.
Porque o Olho do Tigre assusta!
(Ou porque eu parecia um louco desvairado correndo, mas eu prefiro a imagem de "a bat outa hell" acima. Me acalma.)
Eu, claro, fui. Sempre gostei de corrida, e não fosse só isso, acho que máquinas e velocidade estão dentro da corrente sangüínea de qualquer homem que se preze. Assim como 90% da população, parei de assistir à Fórmula 1 quando o Ayrton Senna morreu, mas isso não me tirou o gosto pela coisa - e nem a mania de fazer barulhos com a boca no carro... Vrum, vrum! Sckrisssh!
Já saímos de casa com a adrenalina em alta: meu tio se atrasou e me pegou tendo que chegar no kart em 1 minuto - moro a uns 10 minutos de lá. Muito responsavelmente, meu tio chegou lá em 5 minutos. Não perdemos nada.
Pegando o capacete, luvas e a balaclava - na corrida ela tem a função de proteger contra um incêndio - e já olhei pra todo mundo como se eles fossem mosquitos, aquele pensamento de "vou te pegar! Ah, úh!" na cabeça... Três minutinhos de preparação e explicação sobre as bandeiras, e lá estavamos nós nas primeiras voltas classificatórias. De doze, larguei em sexto.
"Até aí, tudo bem", pensei. "To bem no meião, não dá pra ficar em último, e eu vou ter que me esforçar pra ficar em primeiro. É o desafio que move o homem."
E foi dada a largada!
Já pisei no acelerador com tudo, preguejando por não ter marchas e nem embreagem. E por eu estar gordo. E por meu carro parecer ter só uma válvula. Mas parece que eu não era o único, então mesmo lento eu mantive a posição. E assim foi por umas 8 voltas - sempre com um carro cutucando atrás, e eu tentando evitar o estupro passando por cima do da frente. É a lógica da vida; você tira o teu da reta pondo na dos outros.
Aí aconteceu a coisa mais engraçada: passando por uma curva, me mostraram a bandeira azul. Essa era a que sinalizava que eu devia ir pra direita, e permitir a ultrapassagem do carro de trás, porque eu seria um retardatário. Mas na hora eu era o 5º... "Que primeiro lugar é esse que me dá uma volta no 5º? Alain Prost?" Teimosão, não deixei passar. Tavam tentando de dar um golpe, claro. Ou era engano.
Mas, na mesma curva, uma volta pra frente, o cara que me mostrou a bandeira deu um berro: "VAI PRO BOOOOOOOX!" - conforme eu passei rasgando. Aí eu entendi. Achei que tinha ferrado com o carro, tava com o pneu furado ou coisa assim - isso explicaria porque eu não conseguia passar o 4º lugar - meu tio.
Fazer o que? Era comigo.
Parei na joça do box.
E eis então que eu ouvi a coisa mais estranha - o outro cara que me parou no box, fez sinal com as mãos pra eu diminuir e falou:
"Olha, vai mais devagar, porque você tá acelerando demais nas curvas e assim você pode rodar."
"O que?"
"É, você tá forçando demais as curvas e as ultrapassagens... vai acabar rodando. Vai na manha."
"..."
Nessa hora, acho que ele percebeu que eu tava pasmo (e puto, porque nesses 20 segundos, TODO MUNDO me passou) e me liberou. "Agora vai", ainda disse, antes de abrir caminho.
Aí já viu, né? Ferrou tudo. Demorei umas 3 voltas só pra passar o último... Tomei 3 voltas do primeiro, e terminei a "corrida" em décimo dos doze. DÉCIMO! E um era um molequinho de 12 anos, e o outro, um velho de 90.
Fiquei pensando o que leva um cara a falar aquilo. Vai na manha porque você tá correndo demais? Porra, mas é uma corrida, cacete! Ou nas Olímpiadas os café-com-leite saem na frente?
Imagina se a moda pega? O juíz da luta do Evander Holyfield dizendo: "Olha, brincadeira de mão não dá certo nunca... Soca de leve."
Acho que eu é que devia ter passado em cima do cara, dizendo "acho que você deveria ter saído da pista".
Maldade? Não.
Pura competitividade. Coisa de macho.
Porque pedir pra parar é como pedir água ou arrego.
Talvez eles tenham percebido isso e pedido pra parar.
Porque o Olho do Tigre assusta!
(Ou porque eu parecia um louco desvairado correndo, mas eu prefiro a imagem de "a bat outa hell" acima. Me acalma.)
5 comentários:
Bah, que merda, hein, cara?
hahahaha
Faz tempo que corri, mas não teve essa viadagem não.
Fiquei em segundo, mas fiz a volta mais rápida da turma.
Apenas uma única vez participei de uma corrida de kart. Fiquei em terceiro lugar, sendo inclusa a três participantes.
Quantas vezes o primeiro lugar me ultrapassou??? Não faço idéias, apenas posso afirmar que foram muitas, muitas e muitas vezes.
A humilhação foi tamanha ao ponto de um dos rapazes que trabalhava no local o tempo inteiro, eu disse o tempo inteiro, correu(literamente correu) atrás de mim, visto que eu conseguia bater nos pneus de maneira que ficava dificíl sair por minha própria capacidade.
É óbvio que por vezes eu atrapalhava os dois outros participantes e ficava ridiculamente nervosa quando eles chegavam perto, fazendo ainda mais burrices.
O resultado mais trágico, foi um roxão enorme em minha perna direita, causado por uma das batidas.
Depois disso, jamais voltei a dirigir qualquer coisa.
Poxa vida, nem para chamar!! Que familia é essa.?? Bem Feito!! Olha de tigre que nada...Isso é braço mesmo..Bjs Priscilla
É isso aí Henrique!
Kart, assim como o Futebol, não é pra se divertir...é pra competir....é GUERRA!
Abraço!
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