março 05, 2007

Venda sua alma!

Esse final de semana eu assisti ao Motoqueiro Fantasma.

E achei o filme bem meia boca, mesmo se comparado pelas médias dos filmes de super-heróis de hoje em dia - por exemplo, achei-o pouco melhor do que Quarteto Fantástico, Demolidor e Elektra - ficando abaixo de Hulk, X-Man, e Superman/Batman (Homem-Aranha é hours-concours, então nem o cito. O cabeça de teia é quase um Poderoso Chefão dos filmes de heróis).

Só uma coisa me chateou na escolha do diretor: fazer o filme "divertido", dando mais atenção ao tom de "gibi" ao de "gibi OBSCURO". Mas também, não dá pra exigir demais de quem dirigiu aquela bomba do Demolidor. Aliás, eu piamente acredito que esse filme só ficou bom pelo Nicolas Cage, fã confesso do personagem, e acho que foi ele - e seu status de "estrela" - que mudaram o roteiro aos pouquinhos, pra ser fiel aos quadrinhos. Sem falar que a atuação dele sempre é caricata, o que encaixa bem num filme sobre um dublê que vira uma caveira flamejante...

Mas eu divaguei demais. O lance pra se prestar atenção é o pacto com o capeta. Eu acho que o filme pegou leve DEMAIS nesse aspecto. Aliás, nem pegou, pra dizer a verdade.

Primeiro, porque o Mefisto não convenceria ninguém com aquele sales pitch. Segundo, porque a assinatura, normalmente parte cerimonial de um contrato importante, é assinada às pressas e com ares de enganação do sambarilove - pô, o Anjo Caído tem que se dar ao respeito, aquilo lá é coisa de demônio chinfrim! Segundo que ele nem bem cita as normas direito, é: "Ó, eu salvo seu velho e você me dá tua alma, tá a fim? Vambora!".
Tava na cara que ia dar no que deu - e pior do que o capeta apressado é o Blaze bobão. Nem meu cachorro vira-lata cairia naquela.

O filme, ou pelo menos aquela cena específica, tinha de tudo pra ser obscuro - mostrar uma alma atormentada, que tenta incessantemente se matar para provar que a influência do diabo em sua vida é um fator controlável, e que ele amarga esperar pela vida inteira uma promessa que não sabe qual é; mas foi solenemente enganado, porque esperava que o amor servisse de recompensa. E ao invés disso, me mostram um conformado que acha bacana ser o "devil bounty hunter"... Bah.

Pra mim, assinar um contrato que vale a sua alma não deveria ser tratada como coisa leviana nunca. Nem tanto pelo "respeito" do assunto, mas sim porque é um tema de auto-danação, que poderia ser explorado por um diretor melhorzinho numa cena fantástica (desde que os atores colaborem), e dar muito pano pra manga no roteiro. Bart Simpson, que já vendeu sua alma ao Millhouse no que é um dos melhores episódios, concordaria comigo.

Ei, afinal, o pacto de Fausto é sobre isso, não? E o diabo do filme não se chama Mefistófeles a toa. Contrato daquele jeito eu assino de boa se levar uma chopper como aquela.

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